A reposição de testosterona hoje está amplamente difundida e é segura quando realizada por profissionais habilitados, com poucos efeitos colaterais que podem ser contornados com estratégias corretas, no entanto, é no abuso de testosterona, normalmente para fins de desempenho, bem como outros esteroides anabolizantes (EAA) que esses efeitos são mais evidentes.
Entre as complicações mais comuns no curto e médio prazo estão a pele oleosa, a acne de grau variados, queda de cabelo e ginecomastia (crescimento da mama), efeitos esses decorrentes, em geral, do excesso de DHT, um metabólito ativo da testosterona que tem efeito androgênico pronunciado na pele e anexos.
Outro efeito comum do uso de testosterona é o aumento da viscosidade sanguínea, avaliada através da medida do hematócrito, que pode levar a potenciais efeitos trombóticos, sobretudo em pacientes mais susceptíveis ou com patologias prévias. Algumas vezes pode se fazer necessário sangrias para diminuir o volume sanguíneo produzido em excesso.
Por vezes o PSA, que é uma proteína produzida pela próstata, muito utilizada para diagnóstico de câncer de próstata, pode se elevar de maneira contínua e ascendente e requer atenção para avaliar possíveis problemas relacionados a glândula. Pacientes que possuem hiperplasia prostática acentuada sem tratamento adequado podem experimentar piora dos sintomas quando o uso de testosterona é prolongado e abusivo.
É preciso destacar que a fertilidade dos pacientes usuários de testosterona e EAA fica seriamente comprometida com diminuição da qualidade do sêmen, podendo evoluir até a azoospermia (zerar o número de espermatozoides) muito por conta da inibição do eixo hormonal com diminuição importante da produção endógena de testosterona, vital para espermatogênese.
Um dos efeitos mais danosos decorrentes do abuso crônico são as alterações cardiovasculares, sobretudo a hipertrofia concêntrica das câmaras cardíacas que pode levar o paciente a insuficiência cardíaca (em casos mais avançados ocorre fibrose decorrente de deposição de colágeno, diminuindo muito a fração de ejeção ventricular), além de hipertensão arterial, enrijecimento das artérias (aterosclerose), risco maior de infarto e outros eventos cardiovasculares, que associado a retenção hídrica e aumento da viscosidade sanguínea que ocorre nesses casos, pode agravar esses problemas.
Dito isso, é preciso realmente que as pessoas que façam uso dessas substâncias, saibam exatamente os riscos que estão correndo para poderem tomar uma melhor decisão.