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Entenda o que é um Espermograma “Normal” de Verdade

O valor de referência do exame pode ser “normal”, mas isso não significa que a fertilidade está preservada.


A curva da fertilidade masculina

A imagem acima apresenta uma curva de Gauss (ou curva normal), modificada a partir de dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), com base em um estudo publicado na revista Andrology em 2021. Ela mostra como se distribuem os resultados dos espermogramas entre homens que conseguiram engravidar suas parceiras em até 12 meses sem tratamento.

A maioria dos laboratórios considera como valor de referência mínimo aceitável o chamado percentil 5% da curva. Isso quer dizer que apenas 5% dos homens férteis apresentavam números tão baixos de concentração, motilidade e morfologia espermática. Esses valores são:

  • Concentração espermática: 13 milhões/mL
  • Motilidade progressiva: 24%
  • Morfologia normal (estrita de Kruger): 4%

Ou seja, se o exame do paciente estiver nesses limites, ele ainda pode ser considerado “normal”, mesmo estando muito abaixo da média da população fértil.

O que realmente importa: o Percentil 50

Para uma análise mais fiel da fertilidade masculina, devemos olhar para o percentil 50%, ou seja, a mediana — o ponto onde metade dos homens férteis está acima, e metade está abaixo. Esses são os valores encontrados:

  • Concentração espermática66 milhões/mL
  • Motilidade progressiva55%
  • Morfologia normal14%

Esses sim são os parâmetros típicos de homens com fertilidade comprovada. É com base neles que devemos traçar estratégias de avaliação e tratamento quando o casal está tentando engravidar.

Interpretar um espermograma como “normal” apenas por estar acima do valor mínimo pode levar a um falso conforto diagnóstico. A posição do paciente dentro da curva de distribuição nos dá uma ideia muito mais realista do seu potencial reprodutivo.

Se você ou seu parceiro fizeram um espermograma, não olhe apenas se está dentro do “normal”. Compare com a média dos homens férteis. A medicina reprodutiva moderna exige precisão e contexto clínico individualizado.

DR LUIS CLÁUDIO